Como já escrevi anteriormente, nossa filosofia de gestão envolve a criação de parâmetros de decisão que reduzam ao máximo, dentro do possível, a possibilidade de influência das emoções humanas. São elas que criam as maiores distorções nos preços dos ativos e erros em processos decisórios e operacionais.
Quando desenvolvemos novas estratégias, buscamos explorar essas distorções de preços. Foi com esse espírito que desenvolvemos uma estratégia que tentamos operacionalizar por diversas vezes mas que em função das idiossincrasias do mercado brasileiro, foram praticamente inaplicáveis e que por esta razão, resolvemos torná-la pública.
A estratégia é simples e consiste em comprar 10 ativos que abriram com o maior gap de baixa no dia, respeitando o limite de um desvio-padrão de 21 dias e por outro lado, vender 10 ativos que abriram com o maior gap de alta no dia, também respeitando o limite de volatilidade.
Toda a estratégia foi desenvolvida utilizando a programação em R, onde foi possível parametrizar os custos operacionais, emolumentos e eventualmente até o custo do bid/ask.
Os ativos considerados nesse processo foram as ações que compunham o índice Bovespa na ocasião da análise, que foi feita desde 30/06/2010 até 30/06/2016. Nesses 6 anos de operação esta estratégia apresentou retorno anualizado de 43,42% ao ano, com desvio padrão de 20,63%, ou seja, proporcionaria uma estratégia com índice de Sharpe de 1,5! Analisando o beta da estratégia em relação ao retorno de mercado, também obteve-se um valor próximo de zero, isolando completamente o risco de mercado desta operação.
A dinâmica do call de abertura da bolsa brasileira é um dos principais responsáveis por tornar esta estratégia inexequível.
Esta estratégia baseia-se na teoria que sugere que os preços e retornos de um ativo convergem a média. Esta teoria é parte de uma análise estatística das condições de mercado e pode ser uma estratégia de trading ou parte dela, como preferimos utilizar.
Existem outras variações desta estratégia que podem ser aplicadas, flexibilizando prazo, número de ativos, entre outros inputs, mas no final, o problema acaba sendo sempre o mesmo já apontado.